quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

#15de365

A flor da saudade.

Nossa mãe era uma mulher de muitas flores: onze horas, rosas, copo de leite, margaridas, lírio da paz e outras tantas variedades que confesso nunca guardei os nomes... 
As samambaias também eram sua paixão, enquanto as aguava conversava com suas meninas e somente um daqueles fatos ingratos da vida fez com que perdesse a alegria de cultiva-las (teve praticamente todas furtadas na madrugada).
Ela era uma pessoa forte, pois ela levava a "pancada" da vida e seguia... a seu jeito, brava, triste, mais desiludida da vida, mas seguia...  
O jardim assim como suas amadas sabambaias também lhe foi tirado (culpa do "progresso) era necessário que o jardim desse lugar a construção de uma pequena loja na frente da casa... 
Não me lembro de minha mãe chorar ou reclamar na nossa frente, mas hoje me corta o coração que não lhe demos talvez o apoio que merecia, talvez sugerindo plantar suas flores em vasos, ou simplesmente transferir tudo o que havia no jardim para o quintal... mas não é sem vergonha que admito nunca ter pensado na sua perda... 
Vou colocar a culpa na pouca idade, devia ter menos de 15 anos e naquela época nossos pais a meus olhos só faziam boas escolhas e decisões...
Admito nunca ter parado pra pensar na real perda da minha mãe... Essa seria uma situação em que hoje já com a sensibilidade do andar da vida teria mais cuidado em lhe auxiliar... 
Essas pequenas e ordinárias onze horas hoje são o símbolo da vida da minha mãe.
São brutas, fortes, mas mimosas de se admirar.
Quanta falta a dona Inês faz.

"Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou"."
Apocalipse 21:4

MilaResendes 

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