quinta-feira, 16 de junho de 2011

Doidas e Santas

Recebi um e-mail da minha irmãzinha hoje no fim da tarde e achei super propício para dividir com vocês aqui no blog.
No e-mail havia um pps muito fofo com trechos do livro Doidas e Santas da Martha Medeiros, os quais transcrevo aqui para nos deleitarmos com as sábias palavras de uma doida (como nós também)...
Tenho uma amiga a Viver que também compartilha conosco algumas crônicas da Martha Medeiros, acredito que vá gostar.



Doidas e Santas

"Estou no começo do meu desespero e só vejo dois caminhos: ou viro doida ou santa." São versos de Adélia Prado.

Mas vamos lá. Prá começo de conversa, não acredito que haja uma única mulher no mundo que seja santa. Os marmanjos devem estar de cabelo em pé: como assim, e a minha mãe?

Nem ela, caríssimos, nem ela...

Existe mulher cansada, que é outra coisa. Ela deu tanto azar em suas relações que desanimou. Ela ficou tão sem dinheiro de uns tempos prá cá que deixou de ter vaidade. Ela perdeu tanto a fé em dias melhores que passou a se contentar com dias medíocres. Guardou sua loucura em alguma gaveta e nem lembra mais.

Santa mesmo. Só Nossa Senhora, mas cá entre nós, não é uma doideira o modo como ela engravidou? (não se escandalize, não me mande e-mails, estou brincando).

Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar nosso poder de sedução para encontrar "the big one", aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais. Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo?

Mas além disso temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir de vez em quando que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca mas nunca... pensaremos em jogar tudo pro alto e embarcar num navio-pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar uma cafetina, sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha...

Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois então. Também é louca. E fascina a todos.

Todas as mulheres estão dispotas a abrir a janela, não importa a idade que tenham.

Nossa insanidade tem nome, chama-se Vontade de Viver ou até a Última Gota.

Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe.

Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseje mais nada?

Você vai concordar comigo..."

Martha Medeiros

:)

2 comentários:

Ana disse...

grande texto, concordo inteiramente.
beijinhos

Milaresendes disse...

Adoro os textos da Martha Medeiros, parece que ela sabe o que precisamos ler...