quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Sobre a justiça de Deus

“Deus compassivo e misericordioso, paciente, cheio de amor e de fidelidade, que mantém o seu amor a milhares e perdoa a maldade, a rebelião e o pecado” (Êxodo 34:6,7).

“Misericórdia quero, não sacrifícios” (Mateus 9:13).

"O escritor e jornalista cristão norte-americano Philip Yancey relata numa das suas obras um facto verídico de um julgamento ocorrido nos conturbados tempos de transição do apartheid na África do Sul. A fim de pacificar e reconciliar a nação, Nelson Mandela nomeou o bispo Desmond Tutu para chefiar a famosa Comissão de Verdade e Reconciliação. Ninguém seria julgado se confessasse perante o tribunal os seus crimes e reconhecesse as suas culpas. Numa dessas audiências, um polícia chamado Van de Brock relatou um incidente em que ele e outros colegas seus mataram a tiro um rapaz de dezoito anos e queimaram o seu corpo. Oito anos depois, o mesmo polícia voltou à mesma casa e agarrou o pai do rapaz. A mulher foi forçada a olhar enquanto os polícias amarraram o seu marido sobre um monte de lenha, derramaram gasolina sobre o corpo dele e atearam-lhe fogo. O tribunal ficou em silêncio quando a mulher idosa, que havia perdido primeiro o filho e depois o marido, teve a oportunidade de resposta. “O que é que a senhora deseja que seja feito ao Sr. Van de Brock?” perguntou o juiz. Ela respondeu que queria que o Sr. Van de Brock fosse ao local onde haviam queimado o corpo do seu marido e recolhesse as suas cinzas a fim de dar-lhe um enterro decente. Com a cabeça baixa, o polícia acenou que concordava. Depois ela acrescentou outro pedido: “O Sr. Van de Brock tirou-me toda a minha família, e eu ainda tenho muito amor para dar. Duas vezes por mês, gostaria que ele viesse até ao gueto e passasse o dia comigo, de modo que eu possa ser uma mãe para ele. E gostaria que ele soubesse que ele foi perdoado por Deus e que eu também o perdoo. Eu gostaria de abraçá-lo para que ele saiba que o meu perdão é verdadeiro.”

"Algo para além da justiça aconteceu. “Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem”, disse o Apóstolo Paulo." 

"A vingança perpetua o mal e a justiça o pune. Mas o mal é vencido pelo bem se a parte ofendida o absorver, recusando-se a permitir que ele avance ainda mais. E esse é o modelo de graça do outro mundo que Jesus mostrou na sua vida e morte."

"Em nenhuma passagem bíblica se verifica a Justiça de Deus como tendo o sentido de castigo como fim em si mesmo; antes pelo contrário: a justiça, se aplicada em forma de castigo, tem sempre um fim pedagógico e corretivo para levar a rever os caminhos pessoais."

"Deus contém com mais facilidade a Sua ira do que a Sua misericórdia. A misericórdia de Deus é o coração pulsante do Evangelho."

“Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso!” (Lucas 6:35-36).
"O que Jesus está praticamente a dizer aqui é que a misericórdia do Pai é deveras escandalosa aos olhos dos homens e que Ele não pune ninguém segundo o que merecem, mas a todos ama com amor que está para além do que possamos imaginar."

"A misericórdia triunfa sempre sobre o juízo (Tiago 2:13). Quando Jesus vier na Sua glória para julgar os vivos e os mortos, irá certamente confrontar e conceder justiça a todos. Estar perante o olhar de Jesus, que conhece todas as coisas, que a todos conhece e compreende, será, ao fim e ao cabo, olharmos para nós mesmos, para as nossas limitações, misérias e pecados e, ao mesmo tempo, sermos confrontados com o peso imensamente esmagador da graça e amor de Deus. O tribunal de Cristo irá ser o local para a cura das muitas mágoas causadas pelo mal das pessoas, mas dali mesmo também sairá a cura para todas as nações porque Jesus concederá finalmente ali a justiça para toda a humanidade (Apocalipse 22:1-2)."

Excerto extraído do artigo A misericórdia triunfa sempre sobre o juízo, Vítor Rafael

MilaResendes 

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