terça-feira, 1 de agosto de 2023

Leitura coletiva: deuses Falsos, Timothy Keller; Introdução

Leitura desse mês de Agosto/23

"Na década de 1830, quando Alexis de Tocqueville registrou suas famosas observações sobre a América, notou “uma estranha melancolia a assombrar os habitantes […] em meio à abundância”. 
...acrescentou Tocqueville, “as alegrias imperfeitas deste mundo jamais satisfarão o coração [humano]”. 
Essa estranha melancolia se manifesta de diversas maneiras, mas sempre leva ao mesmo desespero de não encontrar o que se busca.

Tocqueville diz que isso é consequência de obter uma “alegria imperfeita deste mundo” e de edificar toda a vida com base em tal alegria. Essa é a definição de idolatria.

Cada cultura é dominada por um conjunto próprio de ídolos. 
Cada uma tem seu “sacerdócio”, seus totens e rituais. 
Cada uma tem seus santuários — sejam torres de escritórios, sejam spas e academias de ginásticas, sejam estúdios, sejam estádios — onde sacrifícios devem ser oferecidos com o intuito de alcançar as bênçãos de uma boa vida e evitar desastres.

A resposta bíblica é que o coração humano é uma “fábrica de ídolos”. 

Em Ezequiel 14.3, Deus diz sobre os anciãos de Israel: 
“… estes homens deram lugar no coração aos seus ídolos…” 
Como nós, os anciãos devem ter respondido à acusação: “Ídolos? Que ídolos?"...

Deus estava dizendo que o coração humano toma coisas boas, como uma carreira profissional bem-sucedida, o amor, os bens materiais e até a família e os converte em coisas essenciais. 
Nosso coração as endeusa como o centro de nossa vida, porque, conforme pensamos, elas são capazes de nos dar significado e segurança, proteção e realização, se as alcançarmos. 

O código moral mais famoso do mundo é o Decálogo, os Dez Mandamentos. 
O primeiro mandamento é: 

“Eu sou o SENHOR teu Deus […]. Não terás outros deuses além de mim” 
(Êx 20.2,3). 

Essa ordem leva a uma pergunta natural: “O que você quer dizer com ‘outros deuses’?”
Uma resposta aparece de imediato: 

“Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem embaixo na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te curvarás diante delas, nem as cultuarás…” 
(Êx 20.4,5). 

Isso abrange tudo o que há no mundo! 
A maioria das pessoas sabe que é possível fazer do dinheiro um deus. 
A maioria sabe que é possível fazer do sexo um deus.
No entanto, qualquer coisa na vida pode servir de ídolo, um deus alternativo, um deus falso.

O que é o ídolo? 
Qualquer coisa mais importante que Deus para você, que domine seu coração e sua imaginação mais do que Deus. 
Qualquer coisa que você busque a fim de receber o que só Deus pode dar.
Qualquer coisa que seja tão central e essencial para sua vida é um deus falso, e, caso você o perca, sua vida dicilmente parecerá digna de ser vivida. 
O ídolo tem uma posição de controle em seu coração a ponto de você ser capaz de investir nele a maior parte de sua paixão e energia, de seus recursos emocionais e financeiros, sem pensar duas vezes. 
Pode ser família e filhos, ou carreira profissional e enriquecimento, ou conquistas e aplauso da crítica, ou manter as “aparências” e a posição social. 
Pode ser um relacionamento romântico, a aprovação dos colegas, competência e habilidade, circunstâncias seguras e confortáveis, sua beleza ou seu cérebro, uma grande causa política ou social, sua moralidade e virtude, ou mesmo o sucesso no ministério cristão. 

Ídolo é qualquer coisa que você observe e diga, no fundo do coração: “Se tiver isso, então sentirei que minha vida faz sentido, então saberei que tenho valor, então me sentirei importante e seguro”. 

Há muitas maneiras de descrever esse tipo de relacionamento com algo especíco, mas talvez a melhor seja adoração.

O conceito bíblico de idolatria é uma ideia extremamente sofisticada, integrando as categorias intelectual, psicológica, social, cultural e espiritual. 
Há ídolos pessoais como o amor romântico e a família; ou o dinheiro, o poder e a conquista; ou o acesso a determinados círculos sociais; ou a dependência emocional de outras pessoas em relação a você; ou a saúde, o preparo físico e a beleza física. 
Muitos se voltam para essas coisas em busca da esperança, do sentido e da realização que só Deus pode dar.

A Bíblia usa três metáforas básicas para descrever como as pessoas se relacionam com os ídolos em seu coração. Elas amam os ídolos, confiam neles e lhes obedecem. 

O único modo de nos libertarmos da influência destrutiva dos deuses falsos é nos voltarmos para o Deus verdadeiro. 
O Deus vivo, que se revelou tanto no monte Sinai quanto na cruz, é o único Senhor que, quando encontrado, pode de fato satisfazê-lo e, caso você falhe, pode de fato lhe perdoar."

Trecho da Introdução do livro deuses Falsos, Timothy Keller. 


MilaResendes 

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