A trama de Léo e Bia se passa em Brasilia, no ano de 1973. No auge da ditadura militar, sete amigos, jovens como a cidade em que moram, sonham viver de teatro. Liderado pelo diretor Léo, o grupo leva adiante os ensaios de uma peça que tece comparações entre Jesus Cristo e o cangaceiro Lampião. Enquanto a repressão política rola solta na Capital Federal e a liberdade sexual ainda é tabu, Bia se mostra cada vez mais prisioneira da obsessão de sua mãe, fazendo com que todos questionem, cada vez mais, os conceitos e valores da sociedade.
OSWALDO MONTENEGRO ESTRÉIA COMO CINEASTA
Na coletiva de imprensa, Oswaldo também mostrou ser um sujeito bastante realista, contrariando as previsões de um sujeito ripongo e fora do chão. “Não tenho problema em assumir que, na época, eu era um burguês que fazia parte de uma esquerda festiva e desinformada. A gente tinha a ilusão de que poderia resolver todos os problemas do mundo em um bar; dependendo da caipiroska, dava pra salvar todo o universo”, brincou.
A revisão um pouco amarga do passado, no entanto, não impede Montenegro de manter uma visão sonhadora do mundo – visão que contagia o filme. Ele enfileirou uma série de frases inspiradoras sobre sua visão do mundo hoje.
“Tenho apreço por uma época (os anos 70) em que as pessoas achavam que sonhar valia a pena. Não gosto dos anos 80, quando a individualidade passou a ser chique. Não acho que o pessimismo europeu que idolatramos até hoje seja sinônimo de sabedoria. O projeto coletivo é algo que sempre dá certo, não tem nada de ingênuo. Mas ao contrário, o que vejo por aí são pessoas infelizes, tomadas por uma solidão afetiva e ideológica”.
E aí, só assistindo ao filme Léo e Bia para chegar aSegundo Dolores Orosco do portal G1:
Adaptação da montagem teatral homônima encenada em 1984, o filme conta a história de um grupo de jovens atores de Brasília, que passa o dia discutindo técnicas de interpretação.
No meio dos atores com pinta de modelo – que em cena tem uma dinâmica que poderia ser uma versão bicho-grilo de “High School Musical” – a experiente Françoise Forton fica deslocada. Na pele da mãe controladora de Bia, ela incorpora a única forma de repressão que aqueles jovenzinhos rebeldes de fato enfrentam no “auge da ditadura”.
Léo e Bia
Composição: Oswaldo Montenegro
No centro de um planalto vazio
Como se fosse em qualquer lugar
Como se a vida fosse um perigo
Como se houvesse faca no ar
Como se fosse urgente e preciso
Como é preciso desabafar
Qualquer maneira de amar varia
E Léo e Bia souberam amar
Como se não fosse tão longe
Brasília de Belém do Pará
Como castelos nascem dos sonhos
Pra no real, achar seu lugar
Como se faz com todo cuidado
A pipa que precisa voar
Cuidar de amor exige mestria
E Léo e Bia souberam amar
Como se fosse em qualquer lugar
Como se a vida fosse um perigo
Como se houvesse faca no ar
Como se fosse urgente e preciso
Como é preciso desabafar
Qualquer maneira de amar varia
E Léo e Bia souberam amar
Como se não fosse tão longe
Brasília de Belém do Pará
Como castelos nascem dos sonhos
Pra no real, achar seu lugar
Como se faz com todo cuidado
A pipa que precisa voar
Cuidar de amor exige mestria
E Léo e Bia souberam amar
Texto falado pela personagem Marina, no avião, quando deixou Brasília, com os amigos, para tentar a carreira no Rio de Janeiro.
Quando a gente viu Brasília lá em baixo, eu comecei a achar que era mais
do que tudo aquela possibilidade de vôo.
Eu sentia a dor que o Léo tava sentindo, mas era inevitável achar tudo pequeno. Era céu demais! Era demais!
Eu amava o Léo. Ele sabia disso. Bia, todo mundo sabia.
Eu amava a possibilidade do novo.
O Rio me assustava. Eu tinha um medo tão grande. Mas até ter medo era novo.
A gente tinha um tédio lindo, porque era tédio de tudo.
E aí, eu percebi que seria diretora e protagonista do filme da minha vida. E que nós faríamos esse roteiro. E eu não ia permitir que nenhum patrocinador influísse. Não ia mesmo!
Começou o nosso filme! E ele não é bom nem mal. É o nosso filme!
Mesmo que doa, é o nosso filme! E daí por diante nós conduziríamos o barco. E para mim, o caminho era mais lindo que o barco. E muito mais lindo do que qualquer lugar para onde pudesse ir.
Valeu Brasília, já fomos!
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