quarta-feira, 6 de abril de 2011

Dica de Leitura *2


Uma garoa fria molhava o rosto de Viviane. Ela não se importava. Seu rosto já estava molhado pelas lágrimas. Com um sorriso triste nos lábios, lembrou-se de que seu pai adorava dias assim.

“Nem bem chegou ao céu e está definindo o clima?” – pensou, olhando tristemente para a lápide fria. Seu pai falecera havia dois dias e ela não sabia para onde ir. Recordava-se do quanto ele havia pedido que não fizesse justamente o que estava fazendo.

Ela conversava com ele como se estivesse presente. Não se importava se isso poderia parecer loucura. Naquele momento era o que precisava fazer. O vento frio e molhado empapava seus cabelos compridos. Apertou o casaco e olhou para longe. Outras pessoas se despediam de seus entes queridos. O cemitério parecia cinza ao anoitecer, apesar de todas as outras cores, era a única que ela enxergava. Parte dela se fora com seu pai.

– Às vezes, penso que você sempre soube dessa minha au­sência, que você via e usava dos seus meios para fazer com que eu me sentisse melhor. Não sei o que farei sem você. Tenta não se preocu­par, ta? Ficarei bem. – disse levantando-se para ir embora.

Era mentira. Não ficaria, mas devia isso ao pai. Ele a fizera prometer, no começo da semana, quando viu que o final se apro­ximava, que ficaria bem, seria feliz e lutaria por isso. Ela prometera e não sabia como cumprir. Isso ficaria para outro dia. Respirando fundo, saiu do cemitério e se dirigiu ao carro.

 

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