domingo, 24 de abril de 2011

Dica de Leitura *8

  
“Faça com que a solidão não me destrua. Faça com que minha solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.” Clarice Lispector

"Sozinha, continuei a observar a janela. As folhas farfalhavam bruscamente por causa do vento violento. Apesar da pouca chuva, estava um frio de matar. E tudo que eu sentia era um grande buraco estúpido no peito, que não parava de me lembrar que, apesar das maravilhosas amigas, eu estava sozinha no mundo. Sem pais, sem família alguma.

Todas as criancinhas ali embaixo, tão pequenas, mal sabiam que iriam ficar aqui pelo resto da vida, sonhando com o dia em que papai e mamãe iriam aparecer. Eram tantas ilusões perdidas chegava a ser até normal. Todos sofriam da mesma febre, todos sonhavam com a mesma coisa: ter uma família e ir para um lugar chamado “Lar”.


E todo dia eu me imaginava indo para um lugar bom, em que eu pudesse ser feliz com uma família que me amasse.


— Besteira. Há dezesseis anos estou sem família, e não é agora que isso vai mudar – sussurrei para mim mesma.


Mas, por mais que eu tentasse negar, eu sabia que queria isso, e sabia que ainda acreditava, mesmo que um pouco, eu ainda acreditava que um dia sairia desse orfanato.

(...)


Enquanto Kaleigh e eu riamos como loucas, Claire olhava assustada para nós.


— Você é perturbada – ela murmurou, se afastando um pouco.


Claire sempre ficava irritadinha com as brincadeiras de Kaleigh. Ela era a única do grupo que tinha a cabeça no lugar. Era a única que ainda se importava com a diferença entre o certo e o errado.


Nós? Nós não nos importávamos com nada. Qual era o problema em ser uma garota má? Não precisávamos ser certinhas, porque não havia nada para provar. Ninguém se importava mesmo. Só queríamos atingir a maioridade logo e nos mandar para bem longe do orfanato e da sensação de vazio que ele nos trazia."


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Até breve  :)

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