quarta-feira, 14 de junho de 2023

Longe é o Céu. Cap 2, Você vai sair dessa! Max Lucado

"O meu pai percorreu o caminho do Egito. 
Nossa família não chegou a traí-lo; esse papel coube à saúde dele. 
Ele havia acabado de se aposentar. 
O meu pai e a minha mãe tinham guardado algum dinheiro e feito planos. Eles pretendiam visitar vários parques nacionais em um trailer. 
Foi quando veio o diagnóstico: esclerose lateral amiotrófica (ELA ou doença de Lou Gehrig), uma doença degenerativa grave que afeta os músculos. 
Em alguns meses, ele já não conseguia comer, se vestir nem tomar banho. O mundo como ele o conhecia havia desaparecido.

Naquela época, eu estava me preparando para fazer um trabalho missionário no Brasil com a minha esposa, Denalyn. Quando recebemos a notícia, logo me ofereci para mudar os planos. Como poderia deixar o país enquanto o meu pai estava morrendo? 
A resposta do meu pai foi imediata e repleta de confiança. Ele não costumava escrever cartas longas, mas essa preencheu quatro folhas. 

"A respeito da minha doença e da sua ida ao Rio [de Janeiro]: essa resposta é bem simples para mim, e ela é... Vá. Não tenho medo da morte, nem da eternidade [...], portanto, não se preocupe comigo. Apenas vá. Faça a vontade dele." 

Papai perdeu muito: a saúde, a aposentadoria, os anos com os filhos e netos, os anos com a esposa. 
A perda foi dura, mas não foi completa. 
“Pai”, eu poderia ter perguntado, “o que você tem que não pode perder?” 
Ele ainda levava o chamado de Deus no coração. Costumamos nos esquecer disso no caminho para o Egito. 

A sobrevivência no Egito começa com um sim ao chamado de Deus na sua vida.

Anos depois da morte do meu pai, recebi uma carta de uma mulher que se lembrava dele. Ginger tinha apenas seis anos quando a sua turma na escola dominical fez vários cartões desejando uma boa recuperação para os membros da nossa igreja que estavam enfermos. Ela havia feito um cartão de papelão roxo brilhante e o enfeitara cuidadosamente com uma moldura de adesivos. Dentro do cartão, ela escreveu: “Eu amo você, mas Deus ama você acima de tudo.” 
A mãe dela fez uma torta e as duas foram fazer a entrega.

Papai já estava acamado. 
O fim estava próximo. 
A mandíbula dele costumava pender, fazendo com que ficasse de boca aberta. 
Ele conseguia estender a mão, mas a sua mão já não passava de uma garra retorcida por causa da doença. 

Sabe-se lá como, mas Ginger acabou ficando sozinha com ele em algum momento e fez uma pergunta daquelas que só as crianças de seis anos podem fazer: — Você vai morrer? 

Papai estendeu a mão e pediu que ela chegasse mais perto. 
— Sim, eu vou morrer. 

Quando? 
Não sei. 

Ela perguntou se ele estava com medo de ir para longe. 

— Longe é o Céu — respondeu ele. — Vou ficar com o meu Pai. Estou pronto para vê-lo olho no olho. 

"Pouco depois, a minha mãe e a mãe de Ginger voltaram ao quarto. 
Na carta, Ginger conta: A minha mãe consolou os seus pais com um sorriso amarelo no rosto.
Mas eu lhe dei um sorriso enorme, lindo, um sorriso de verdade, e o seu pai fez o mesmo e piscou para mim."

"O propósito pelo qual conto tudo isso é que vou com a minha família para o Quênia. Vamos levar Jesus para uma tribo perto do litoral. Estou com muito medo pelos meus filhos, porque sei que haverá dificuldades e doenças. 
Mas, quanto a mim, não estou com medo, porque sei que o pior que pode acontecer é eu ver o “meu Pai olho no olho”. 
Foi o seu pai que me ensinou que a terra é apenas uma passagem e que a morte não é mais que um renascimento."

Um homem, no leito de morte, piscando ao refletir sobre o fim.
Desprovido de tudo? 
Só parecia assim. 
No fim, papai ainda tinha algo que ninguém conseguiu tirar. 
No fim, era tudo de que ele precisava."

Trecho do Cap. 2 do livro Você vai sair dessa!, Max Lucado.

MilaResendes 

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